Junho
PT / BR
Portugueses ou brasileiros sentados em terracos de bares, estaminés, bodegas ou restaurantes, estabelecimentos com nomes que soam lusófonos, sobretudo no bairro de Saint
Gilles e em torna da Place Flagey. Manifestam-se e a sua cultura inequivocadamente.
Dissem que sao muitos oriundos do Planalto Central. Uns vieram e chamaram a outros. Os
portugueses trabalhavam tipicamente em obras, e ao longo dos anos foram
pondo dinheiro de lado até se poderem lancar o próprio negócio, eles também como empreiteiros. Passaram a contratar brasileiros, pela afinidade linguistica, e estes vieram de longe. O sentido é inverso, da ex-colônia pra ex-metrópole, mas a exploracao deve ter sido a mesma - a história se repete.
Muitos que cruzei nas esquinas das minhas andancas me pareceram perdidos aqui, 'des-sulizados', ou simplesmente padecendo deste mau tao brasileiro: a dôr de ter sido arrancado do terroir, como que esperando que as suas vidas possam reaver sentido, quando um dia, enriquecidos, poderao voltar à terra
amada...de uma certa forma um 'sebastianismo' interiorizado e invertido...
O EURO 2012 foi a ocasiao de passar por bares portugueses pra sentir o clima e tomar umas Sagres com 'patrícios'. Cada dia eram cores agitadas em multidoes de bandeiras portuguesas,
espagnolas ou italianas, de acordo com o calendário dos jogos, pois essas três comunidades sao as mais numerosas na zona sul de Bruxelas.
Estranho é ter esperienciado que portugueses tenham insistido em falar francês comigo, como se nao quisessem me incluir no circulo dos seus, por desconfiar das minhas intencoes, ou por acharem o meu português ruim demais, aquele pra inglês ver e ouvir ;)
Estranho é ter esperienciado que portugueses tenham insistido em falar francês comigo, como se nao quisessem me incluir no circulo dos seus, por desconfiar das minhas intencoes, ou por acharem o meu português ruim demais, aquele pra inglês ver e ouvir ;)
Uma das muitas fachadas de lojas brasileiras, sejam cabeleireiras, saloes de beleza,, mercearias e outras...aqui encostada a uma loja de produtos chineses na Rue Haute...
Julho
Julho
Considero ter a sorte de ter crescido numa cidade bem bacana, que evoluiu
bastante durante os quase 35 anos que estive fora!
Bruxelas
é bela e feia, caprichosa
e volúvel, esbanjadora
e discreta, carinhosa
e cruel...
Por visitas
guiadas destinadas a autochtones, a que me juntei pra descobrir os segredos da cidade vistos por seus filhos, e numas de ir desenvolvendo as minhas próprias ideias em termos de atividade turística... revi os
pintores flamengos do auge do século 16...gosto particularmente de Le vin de la Saint-Martin, de Bruegel o Velho, quadro em que a festa do vinho é retratada de forma grotesca, numa cena quase alegórica, em que a ebriedade dionisíaca que toma conta dos camponeses os leva a cometer vários pecados capitais, enquanto o senhor feudal os ignora e prefere ajudar a aleijados a cobrir seus corpos desnudos...
Durante essa visita ao Musée royaux des Beaux-Arts de Belgique cheguei a imaginar, por estarem
presentes duas senhoras de idade avancada com dificiculdades em se
locomover, que cúmulo seria ter de levar um bando de aleijados, mutilados, cegos e
mudos pelo museu, criando alvorosso e consternacao... acho que já tinha visto demasiados quadros flamengos...
Outra andanssa organizada foi 'Magritte
e os surrealistas', autor do famoso Ceci
n'est pas une pipe. Magritte gostava de
amalgamar palavras e imagens. Daí a afirmar que isto nao é um
cachimbo, quando o homem o pintou no quadro, é certamente uma brincadeira cognitiva e espitemológica. Pois, segundo os nominalistas o universo
da textualidade tem justamente a faculdade de se desvencilhar da
realidade fenómenal e tangível. Ao afirmar o dogma realista, e por
conseguinte extirpar a palavra da sua dinâmica auto-referente, o pintor acaba
por corroborar um manifesto anti-nominalista. Mas o que advém entao do
surrealismo de que Magritte é tributário? Confusos, pois eu também, apenas me deliciei frivolamente com este exercício de retórica...
Magritte deixou a sua marca em Bruxelas. Além do seu próprio museu, uma das grandes atracoes de Bruxelas, de murais e de ornamentacoes espalhadas pela cidade, aparece aqui o estaminé que costumava frequentar com a toda a turma dos surrealistas, onde eu também pude saborear uma boa cerveja e um excelente BLOEMPANCH,salsicha negra de sangue coagulado de porco...
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